(O que eu acho é que o mundo precisa de pessoas apaixonadas. Por elas mesmas.) Fernanda MelloSempre fui essa pessoa que põe TODA a energia em algo/alguém de uma só vez: me enfraqueço pelo excesso e canso os outros pela dose exagerada.
Fiz grandes planos pra mim e eles foram diminuindo porque me "gastei" demais com um ou dois assuntos que ocuparam meu tempo e coração.
Um amor mal-sucedido aqui, um parente ou amigo infeliz e reclamão acolá... E pronto! Lá se foram meus meticulosos cálculos de fazer aquela viagem sozinha ou de vinho-cinema uma vez por semana.
Nos últimos três anos eu me vi basicamente em três cansativas e repetitivas situações: 1. Um relacionamento que me fez muito feliz e depois muito triste. 2. Um problema alheio sem nenhuma ligação comigo que me exigia e sugava toda luz vital. 3. E um desejo preocupado de me consumir desesperadamente para fazer minha carreira decolar.
De tanto ouvir a mesma toada, cheguei aos 25 anos me sentindo uma velha cansada. Não escrevo mais no meu blog, não falo mais ao telefone com meus amigos preferidos, não tenho mais "quartas de beleza", nem passo aquele bom tempo só com meus livros e meus pensamentos.
Tenho me visto numa roda de expectativas incessantes, numa busca desenfreada de "resolver a vida" como se em algum momento algum de nós pudesse resolver 100% de tudo.
De tanto tanto tentar muito, resolvi que vou ter um período sabático como a Liz Gilbert do "Comer, Rezar e Amar", e não tentarei nada, absolutamente nada que não seja exclusivamente relacionado à meus belos e grandes planos individuais.
Não darei minha constante presença nem meus "sábios" conselhos à ninguém que não tenha relativa importância em minha história pessoal.
Lerei meus livros, comerei o que gosto, tomarei meus vinhos, farei minhas viagens, sem me culpar e preocupar com quanto tempo estou "perdendo", quantas calorias estou ingerindo e quanto dinheiro estou ganhando e gastando.
Cheguei ao final de 2012 com uma realização profissional razoável e um "Atestado de Coragem" de dar inveja á muita moça da minha idade, mas também cheguei extremamente desgastada de ter doado meu afeto e cuidado à situações e pessoas que não me "cuidavam" com o mesmo apreço.
Tirar mais fotos, conhecer mais gente, ir mais longe.
Fazer mais listas, organizar a casa, doar meus excessos, planejar as férias.
Um curso de gastronomia, a carteira de motorista, vencer o medo de ir para fora do país sozinha, estudar francês.
Aprender a dizer "não", ter coragem de dizer o que estou sentindo, assumir que não gosto de baladas e prefiro gente que conversa.
Ser egoísta sim, ser solitária sim. Para salvar-se. Para salvar a alma de se perder de vez.
Não é que a vida esteja ruim, é só que ela pode ser melhor. Como aquele comercial da tv, é bonita, mas a vida pode ser linda.
E pode começar agora.